Introdução ao TDAH
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é mais do que um comportamento agitado ou desatento. É uma condição com fundamentos neurobiológicos comprovados, que impacta o desenvolvimento cerebral desde a infância e pode persistir na vida adulta. A neurociência vem mostrando como alterações em estruturas e substâncias do cérebro explicam muito dos sintomas que observamos no dia a dia.
Principais áreas cerebrais afetadas
Córtex pré-frontal e controle executivo
A região frontal, especialmente o córtex pré-frontal, é responsável por processos como planejamento, foco, inibição e controle emocional. Em pessoas com TDAH, essas áreas apresentam baixa ativação ou desenvolvimento mais lento, dificultando a autorregulação.
Estruturas subcorticais: tálamo, gânglios da base
Essas áreas ajudam a regular a atenção e o movimento. Estudos indicam alterações nos gânglios da base e no tálamo dorsomedial, resultando em impulsividade e hiperatividade.
Sistema límbico: amígdala e hipocampo
Regiões ligadas às emoções e à memória também estão envolvidas. A amígdala, por exemplo, tem papel na resposta impulsiva emocional e pode estar hiperativada no TDAH.
Disfunções neuroquímicas
Dopamina e noradrenalina: os mensageiros do foco
O TDAH está fortemente ligado à desregulação de dopamina e noradrenalina, neurotransmissores essenciais para manter a atenção, a motivação e o controle de impulsos.
Transportadores e receptores alterados
Estudos identificam alterações nos transportadores de dopamina (DAT) e noradrenalina (NET), além de receptores como D4 e D5. Essas mudanças afetam como o cérebro “recebe” e processa os estímulos.
Neuroimagem e evidências visuais do TDAH
Ressonância magnética funcional
Técnicas de imagem mostram baixa atividade neural em áreas como o córtex cingulado anterior e córtex frontal em pacientes com TDAH.
Diminuição da atividade em regiões específicas
Essas imagens reforçam que não se trata de um comportamento voluntário ou falta de educação, mas sim de alterações fisiológicas reais.
Genética e expressão neurobiológica
Genes relacionados ao TDAH
Estudos com gêmeos e famílias mostram forte hereditariedade. O risco entre irmãos é cerca de cinco vezes maior do que na população geral.
Codificação de transportadores e enzimas cerebrais
Genes como DRD4, DAT1 e SNAP-25 regulam a produção e distribuição de neurotransmissores. Mutações ou variações nesses genes impactam o funcionamento cerebral do portador de TDAH.
Desenvolvimento cerebral e imaturidade
Ilhas de imaturidade no desenvolvimento neurológico
Em alguns casos, certas regiões cerebrais amadurecem mais lentamente, resultando em uma “imaturidade seletiva” que pode explicar a dificuldade em manter foco e controlar impulsos.
Trajetórias cerebrais mais lentas em alguns setores
Ainda que o desenvolvimento ocorra, ele pode ser desigual entre funções motoras, cognitivas e emocionais.
Avaliação e diagnóstico neuropsicológico
Exames clínicos e comportamentais
Apesar das evidências biológicas, o diagnóstico ainda é clínico, baseado em comportamentos observados por pais, professores e profissionais de saúde.
Exclusão de outras causas neurológicas
É essencial investigar ouvidos, olhos e funcionamento neurológico geral, pois dificuldades nessas áreas podem conturbar a identificação dos sintomas semelhantes ao TDAH.
Implicações terapêuticas da neurociência
Medicamentos estimulantes e sua atuação no cérebro
Medicamentos como metilfenidato e lisdexanfetamina atuam aumentando a disponibilidade de dopamina e noradrenalina, melhorando foco e controle comportamental.
Terapias que visam reorganização funcional
A psicoterapia, especialmente a cognitivo-comportamental, ajuda a reforçar circuitos neurais alternativos, promovendo mais autocontrole e consciência sobre o próprio funcionamento mental.
Conclusão
A neurociência do TDAH trouxe entendimento a um transtorno por muitas decadas julgado como “falta de disciplina” ou “preguiça”. Hoje sabemos que trata-se de uma condição cerebral real, com raízes genéticas, químicas e estruturais. Conhecer esses aspectos não só fortalece o diagnóstico, como também derruba preconceitos e orienta tratamentos mais eficazes.
Quanto mais aprendemos sobre o cérebro com TDAH, mais humanos e empáticos nos tornamos com quem vive essa realidade.
❓FAQs sobre neurociência do TDAH
1. O TDAH aparece em exames de imagem?
Sim, alguns exames mostram alterações funcionais e estruturais, mas eles não são usados para diagnóstico clínico isolado.
2. O TDAH é genético?
Sim. tem forte componente genético, ainda mais em famílias com histórico de casos.
3. A neurociência comprova que TDAH é real?
Com certeza. As pesquisas mostram disfunções cerebrais específicas e mensuráveis.
4. O cérebro de uma criança com TDAH é “diferente”?
Não no sentido patológico, mas ele se desenvolve de forma mais lenta ou desigual em certas regiões.
5. A medicação “corrige” o cérebro com TDAH?
Ela não cura, mas ajuda a normalizar os níveis de neurotransmissores, facilitando o funcionamento cerebral adequado.